A ofensiva do PSDB de João Doria (SP) para tirar o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) do partido e construir a nova cara da sigla causa apreensão entre os tucanos. Partidários ouvidos pela reportagem analisam que a tentativa de expulsão pode efeito reverso, isso porque não há garantias de que há maioria para votar pela expulsão.

"É um risco a votação. Caso fique, ele quebra o partido, porque vai na contramão de tudo que o Doria prega para renovação. [Aécio] vai ter uma força que ele não tem", disse uma pessoa que acompanha as articulações.

Aécio é investigado na Lava Jato envolvido em uma operação de R$ 2 milhões com o delator Joesley Batista, da JBS. O tucano nega irregularidades.

Aécio se dedica 100% nas articulações internas para reverter a situação e ainda tem aliados que veem com maus olhos a ascenção do governador Doria.

Com o cenário nebuloso, ninguém se arrisca a dizer se ele terá mais votos para ficar ou sair e ensaiam outras possibilidades junto ao deputado. Quadro histórico do partido, Aécio está desgastado na Câmara.

Quem circula pelo Parlamento nota que o tucano acostumou-se a desviar do público e de jornalistas.

A pressão sobre Aécio aumentou quando o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, pediu sua expulsão, em junho. No início do mês, foi a vez do presidente nacional do partido, Bruno Araújo (PSDB-PE), anunciar que o Conselho de Ética do partido tem autonomia para analisar seu caso.

Esse anúncio foi feito durante evento em Minas, com a presença do Aécio. O colegiado deve ser instalado na próxima semana.